top of page

Desculpe, mas você está velho pro mercado de trabalho!

  • Eider Arantes de Oliveira
  • 14 de fev. de 2019
  • 4 min de leitura

Atualizado: há 5 dias


É engraçado como a nossa percepção da realidade, às vezes, ou quase sempre, destoa da percepção de quem nos olha. Eu ouvi de uma consultora de outplacement o seguinte: “você não deveria colocar a sua idade no currículo, pois você precisa se mostrar mais jovem do que é”. Já é o segundo conselho, que pessoas do mundo RH me dão, que vai contra um dos meus princípios: a verdade, a sinceridade. O outro conselho era relativo ao meu endereço. Me disseram para colocar um endereço de São Paulo, pois “o pessoal de lá tem um pouco de preconceito quando olha que você é de Uberlândia”. Mas me deixe explicar o que quero dizer com a dissonância entre percepções:


Eu, olhando daqui, me vejo o cara que tem pique pra jogar mais de 2 horas de "peteca" – um esporte muito comum em MG -, pelo menos 3 vezes por semana e ainda sair da quadra e fazer 30 minutos de musculação. A maioria dos jovens que conheço não aguentaria 20 minutos comigo na quadra.


Eu, olhando daqui, me vejo o cara capaz de trabalhar até altas horas da madrugada, quando gosto do que estou fazendo, e ainda acordar cedo pra começar o dia. É claro que o corpo às vezes reclama, mas se a cabeça está bem, basta uma boa descansada no fim de semana e estou pronto pra outra. Boa parte dos jovens que conheço precisa dormir mais do que eu.


Eu, olhando daqui, me vejo o cara que ajuda as filhas de 25 anos a configurar o celular, pois me formei em engenharia eletrônica, fui analista de sistemas e programador por 10 anos da minha vida, trabalhei em uma empresa de Telecom por quase 20 anos e adoro tecnologia.


Eu, olhando daqui, me vejo o cara que ensina, aos mais jovens, coisas no Excel que eles nem imaginavam que existia – PROCV, eu como no almoço e jantar e ainda consigo construir funções em VB no café da tarde.


Eu, olhando daqui, me vejo o cara que montou uma página da internet sozinho (https://novvaempresa.com.br) com SEO e CTAs espalhados, se é que você que lê e é mais jovem me entende. Aliás, é nela que você vai ler este artigo no meu blog. Só ainda não tive tempo de fazer as landing pages pra trabalhar melhor a efetividade.


Eu, olhando daqui, me vejo o cara que tem disponibilidade e disposição para morar em e viajar para qualquer parte do mundo. Meus filhos já estão fora de casa e eu não tenho travas. Portanto, sei que estou livre para alçar novos vôos e, com a minha experiência vasta no exterior, consigo trabalhar em qualquer lugar. Aliás, a minha atual sala de reuniões mais frequente é no Skype, ou Zoom, ou Google Hangouts. Tudo o que tenho de arquivos, fotos, músicas, etc., estão na nuvem. Então, onde eu estiver, lá é o meu escritório e é onde consigo trabalhar, fazer reuniões, transferir e receber arquivos.


Mas, como eu disse, o mercado de trabalho, apesar de o discurso ser diferente, parece estar olhando para mim e me vendo de outra forma. Parece que, quando me olham, veem um velhinho de 53 anos de idade que já está em um “outro momento de carreira” – foi o que ouvi de um gerente de RH ao me dar o retorno negativo, pois existiam “outros candidatos em momento de carreira mais aderente à vaga”. Uau!!! Esse e vários outros retornos, estão me fazendo cair na realidade de quem me enxerga do outro lado. Dizem que o meu currículo é muito bom, que eu tenho tanta experiência que a vaga é pequena para mim. Uau!!! Só pode ser brincadeira!!!


Enquanto tento me recolocar, é claro que não fico parado esperando cair algo do céu. Presto consultoria nas áreas em que tenho capacitação e experiência. E isso é o mais incrível: sou contratado para aconselhar empresas de todos os portes que querem ouvir o que eu tenho pra falar sobre melhores práticas, sobre a minha vivência em outras situações, em outras indústrias, em outras regiões. Na semana passada, dei um treinamento sobre Marketing e Vendas para uma turma de jovens gestores de uma grande empresa. Mas o pessoal do RH não consegue me vender como “o cara” que pode liderar uma equipe de garotos, porque é velhinho.


O país está passando por uma discussão sobre a reforma da previdência. Uma das questões apresentadas é sobre a idade mínima para se aposentar. Mas o interessante é que a previdência vai subir a idade mínima - o que não acho errado -, mas o mercado não quer empregar os acima de 50 e está "juniorizando" cada vez mais as empresas. Então, vamos passar a ter um contingente menor de aposentados, mas um contingente maior de desempregados seniores.


Este artigo pode soar como um desabafo – bom... tá bom... até é um pouco. Mas é muito mais uma indignação com esse discurso descasado da prática sobre contratação de pessoas acima de 50. O mercado, no geral, não está contratando essa turma. A não ser os CXO de multinacionais que já fizeram carreira nessas gigantes e que são contratados para cargos compatíveis. Aí, é outra história, diferente da maioria dos profissionais nessa faixa etária. Mesmo que esse profissional tenha uma baita experiência como executivo de grandes empresas, se não tiver trabalhado em multinacionais localizadas em São Paulo, não serve.


Se você é de RH, ou mesmo CXO de alguma startup, pense nisso: esse mundo novo digital, para alguns velhinhos, não é nada demais. Outro dia, vi uma reportagem na Veja São Paulo com o Antônio Castilho (https://vejasp.abril.com.br/cidades/reinvencao-apos-os-cinquenta-anos/ ), que, após uma carreira de sucesso como executivo de empresas do setor financeiro, aos 58, fundou uma startup do ramo de saúde com 22 funcionários, o mais velho deles com 31 anos de idade.


Enquanto isso, se alguém quiser contratar o idoso - só que ainda não - aqui como consultor, ou para realizar palestras e treinamentos, é só clicar nos CTAs (Call to Action - botões do tipo “clique aqui”) da minha página, deixar o contato, que eu terei prazer em ajudar. ===> "Clique aqui!"



 
 
 

Comments


Posts Em Destaque

Posts Recentes
Arquivo
Procurar por tags
Siga
  • Facebook Basic Square
  • Twitter Basic Square
  • Google+ Basic Square
bottom of page